Os publicados na Nove Amanhãs são avaliados pelo corpo editorial a partir de três critérios:
Segundo Adam Roberts, ainda que muitos de nós possamos facilmente distinguir uma obra de ficção científica daquilo que ela não é, trata-se de um gênero de difícil definição. “Qualquer livraria terá uma seção dedicada à ficção científica: prateleiras com volumes de cores brilhantes, com capas ilustradas com pinturas fotorrealistas de complexas naves espaciais, ou de homens e mulheres em cidades futuristas ou cenários alienígenas” (ROBERTS, 2000, p. 1). Para o crítico, então, a ficção científica parece englobar uma categoria de textos que reproduz um determinado discurso, no caso, o científico, e que também explora as múltiplas possibilidades da ciência, sendo que muitas das tecnologias descritas pelos autores do gênero não existem nem podem existir no mundo real. É o caso do romance “A máquina do tempo” (1895), de H. G. Wells, no qual o personagem é capaz de viajar ao século LXXX, e de muitos romances que descrevem viagens que ocorrem na velocidade da luz, possibilidade que a ciência atual nega. Nesse sentido, a ficção científica não necessariamente reproduz o discurso científico, mas se utiliza do método científico para criar narrativas em que elementos como naves espaciais, invasões alienígenas, viagens no tempo, utopias ou distopias futurísticas, história alternativas e robôs podem ser combinados.
Num processo constante de globalização, em que tradições e formas de fazer são rompidas a cada lançamento tecnológico, a ficção especulativa pode ser compreendida como uma reação humana, que usa a imaginação para vislumbrar futuros possíveis – amanhãs possíveis. Segundo Marek Oziewicz, que escreve o verbete da ficção especulativa no Oxford Research Encyclopedia, a “ficção especulativa em seu entendimento mais recente é uma super categoria difusa que abriga todos os gêneros não miméticos – aqueles que, de uma maneira ou de outra, se afastam da imitação da realidade de consenso – da fantasia, ficção científica e horror a seus derivados, híbridos e gêneros cognatos, incluindo ficção gótica, distopia, zumbi, vampiro e pós-apocalíptico, histórias de fantasmas, ficção estranha, contos de super-heróis, história alternativa, steampunk, slipstream, realismo mágico, contos de fadas recontados ou fraturados e muito mais”.
O acadêmico Darko Suvin, em sua obra “Metamorphoses of Science Fiction: On the Poetics and History of a Literary Genre”, escrita em 1979, considera a Ficção Científica como gênero literário. Na tentativa de estabelecer parâmetros e delimitar o formato desse gênero, o autor criou o conceito novum. Extraído do latim, o termo significa “coisa nova”, isto é, a construção ficcional de um mundo diferente do autor no momento em que ele escreve. A narrativa literária apresenta artefatos ou objetos inteiramente novos e distintos, causando um estranhamento, no sentido de o leitor se distanciar do que é familiar e se aproximar do que é estranho. De modo geral, novum significa a ficcionalização das possibilidades científicas no contexto em que o autor está inserido, devendo considerar o impacto do novum na cultura e na sociedade. É a partir da força desse impacto que faremos a avaliação.
A “qualidade” da escrita das obras analisadas será avaliada a partir dos critérios de ortografia, pontuação, coerência textual e discursiva, inovação da linguagem (caso se aplique) e adequação ao gênero proposto (conto). Dito isso, é de inteira responsabilidade dos(as) respectivos(as) autores(as) a revisão ortográfica e gramatical do texto a ser apresentado, assim como o cumprimento dos critérios acima listados.